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Governo precisa de mais Erika Hilton para superar os tipos de Nikolas Ferreira

Deputada federal entende a fórmula do viral e de espalhar uma mensagem política nas redes – algo que o governo tem imensa dificuldade

Governo precisa de mais Erika Hilton para superar os tipos de Nikolas Ferreira
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Raio-X é uma editoria de análise opinativa sobre tecnologia e internet.

Por ter uma pequena base no Congresso, o PSOL é um partido recorrentemente esnobado pelo governo Lula. A legenda conta atualmente com apenas um ministério (Povos Indígenas), apesar de sua combatividade constante a favor do governo – o União Brasil, fusão de partidos direita com membros na oposição, tem dois ministérios.

Mesmo assim coube a uma deputada do PSOL fazer o que a máquina de publicidade do governo não conseguiu: publicar um viral alinhado à retórica do governo para tentar contrapor o estrago feito pelo vídeo publicado na semana passada pelo deputado Nikolas Ferreira.

Embora em escala impressionante, o vídeo de Hilton (pelo menos ainda) não conseguiu bater os números totais de Ferreira, embora tenha ficado significativamente acima no X. Mas é um trabalho que o governo, nem alistando seu time principal composto de Lula e Fernando Haddad, não conseguiu nem chegar perto.

Hilton, primeira deputada federal negra e trans do Brasil, fez isso provavelmente sem auxílio da máquina de publicidade do governo petista, que insiste em indicar nomes de homens que entendem pouco (estou sendo generoso aqui) do funcionamento das redes sociais.

Ela sofreu inúmeras ameaças por isso, em um momento no qual o governo faz cortes para políticas LGBTQIA+, segundo a agência Diadorim.

Quando eu comentei, em conversa no Canal Meio, que era bem improvável que a Meta ou bots tenham inflado artificialmente a contagem de visualizações do vídeo de Nikolas, eu fui xingado nos comentários por dezenas de pessoas – visivelmente alinhadas à esquerda e ao governo.

Agora que Hilton caminha para engajamentos estratosféricos também, será que eles ainda têm a mesma opinião?

A extrema-direitas nas redes claramente aprendeu a visualizar e entender métricas, e a coordenar o máximo possível o impulsionamento de suas mensagens. Enquanto isso, o governo e a esquerda, por estarem em constante desvantagem, em geral preferem acusar "marmelada" antes de tentarem entender o racional por trás dessa máquina de moer cérebros chamadas redes sociais.

Erika Hilton, pelo menos, entendeu a fórmula do viral e de espalhar uma mensagem política nas redes – algo que o governo tem imensa dificuldade em meio à treta por poder na Secom entre diferentes grupos de esquerda. Continuo argumentando que se informar via políticos (de qualquer partido e espectro político) é uma fórmula para se informar mal, mas pelo menos esse campo tem alguma chance de ser nivelado com pessoas como ela.

Tags: Raio-X
Sérgio Spagnuolo

Sérgio Spagnuolo

Jornalista e diretor do Núcleo. Em 2014, criou a agência de newstech Volt Data Lab. Foi Knight Fellow no ICFJ e diretor na Abraji, além de ter colaborado com vários veículos nacionais e internacionais

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