Bom dia! Aqui é a Chloé Pinheiro. Nessa semana, acontecem as entregas do Prêmio Nobel, a mais famosa honraria da ciência. Vamos falar dos primeiros vencedores, formigas agricultoras, ativistas antivacina chegando ao poder e por aí vai. Na nota do convidado, uma má notícia (pelo menos pra mim): o horário de verão pode fazer mal à saúde.
microRNA
O Nobel de Medicina e Fisiologia foi entregue na segunda (7) para dois cientistas que descobriram os microRNAs. Essas moléculas são consideradas potentes reguladoras dos genes, e mais de mil tipos já foram identificados pela ciência. Por seu envolvimento na atividade genética, elas são consideradas fundamentais para a vida.
Importância
A pesquisa nesse campo ajuda a entender o desenvolvimento de doenças que surgem de alguma desregulação genética, como o câncer. E também pode dar origem a novos medicamentos, na linha do que aconteceu com o RNA mensageiro por trás das vacinas contra a Covid-19 — avanço que levou o prêmio no ano passado.
Redes neurais
E hoje, logo cedo, foram anunciados os vencedores do Nobel de Física, o norte-americano John J. Hopfield e o inglês Geoffrey E. Hinton. Os dois fizeram contribuições importantes para o processo de aprendizado de máquina por meio das redes neurais, que tentam simular o funcionamento da mente humana. As aplicações de inteligência artificial que usamos hoje dependem disso.
Formigas agricultoras
Um estudo publicado na Science mostra que o asteroide que matou os dinossauros pode ter impulsionado o cultivo de fungos por formigas, há 66 milhões de anos. O trabalho tem a participação de cientistas brasileiros e é a maior investigação já feita sobre o assunto. Foram analisados dados genéticos de 276 formigas e 475 fungos.
Volta ou não?
A discussão sobre a volta do horário de verão está quente, e a medida pode voltar a valer em breve. Seria uma maneira de economizar energia enquanto o Brasil enfrenta a pior seca de sua história. Só que diversos pesquisadores da área da cronobiologia (que estuda os ritmos biológicos) alertam que ele pode fazer mal à saúde.
* O mapa com mais detalhes da Via Láctea já feito foi divulgado pelo telescópio ESO.
* Com as mudanças climáticas, até 2050 ultrapassaremos um ponto de não retorno para o planeta, alerta Carlos Nobre.
* Estudo mostra que envelhecimento cerebral é mais pronunciado na América Latina.
* Como as montanhas do Himalaia se formaram ao longo de milhões de anos. É possível que polvos sonhem e acordem mal-humorados.
* Há chances de Curitiba ser comandada por Cristina Graeml, comentarista da Jovem Pan que já atacou as vacinas contra a Covid-19 em mais de uma ocasião.
Nota do convidado
Os impactos do horário de verão na saúde
por John Fontenele Araujo, médico e neurocientista, professor do Departamento de Fisiologia e Comportamento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Por muitos anos, a mudança no horário durante o verão tem sido utilizada como medida para economizar energia. Ter mais horas de sol no final do dia nos parece mais agradável, todavia, para quem tem de trabalhar cedo, a medida implica em acordar mais cedo e ainda no escuro.
Isto também afeta muitos estudantes, em especial os adolescentes, já que o início das aulas geralmente é às 7 horas da manhã. Quem mora mais distante das escolas terá que acordar mais cedo ainda. Podemos dizer que implantar o horário de verão é roubar o sono dos adolescentes.
Você pode até dizer por experiência própria que se ajusta ao novo horário em uma semana. Isto é verdade, mas os estudos mostram que metade da população não se ajusta e sofre durante todo o tempo do horário de verão.
Chamo a atenção ainda para a forma como vivemos atualmente, com um novo modelo de atividade econômica, de comunicação e de diversão. Quase tudo que fazemos é baseado em processos online que funcionam 24 horas e 7 dias por semana.
A gente não percebe, mas, para manter isto tudo funcionando, se faz necessário um grande gasto de energia. O horário de verão não vai afetar em nada este gasto, pois os computadores continuarão a funcionar e, por isso, a economia prevista com o horário de verão tende a ser mínima.
Não dá para simplesmente colocar na balança “economia” versus “impacto na saúde”. Temos de sermos responsáveis e não implementar uma política pública que faça mal à saúde dos brasileiros. Uma campanha educacional para economizar energia nos parece mais racional que o horário de verão.