O setor público brasileiro desembolsou ao menos R$ 23 bilhões em licenças de software, soluções de nuvem e serviços de segurança de grandes empresas de tecnologia entre 2014 e 2025, de acordo com novo estudo publicado em jul.2025.
Estão inclusas nas contas compras feitas nos âmbitos federal, estadual e municipal. A pesquisa apurou apenas o valor nominal dos contratos e compras, sem ajustar pela inflação, indicando que a cifra é ainda maior.
COMPRAS RECENTES. Segundo o estudo, feito por pesquisadores da USP e da UnB, desse total R$10,3 bilhões foram gastos somente no último ano (entre jun.2024 e jun.2025).
"Este valor [R$10,3 bi] seria suficiente para pagar bolsas CAPES/CNPq pelo mesmo período para todos os pós-graduandos do país, não apenas os bolsistas [... ou] sustentar integralmente uma universidade com o porte da Universidade de Brasília (UnB) por 4 anos e meio", disse o relatório.
MAIORES FORNECEDORES. As principais Big Techs que receberam os recursos públicos foram:
- Microsoft: R$ 3,27 bilhões
- Oracle: R$ 1,02 bilhão
- Google: R$ 938,8 milhões
- Red Hat: R$909,2 milhões
APONTAMENTOS. O estudo sugeriu a criação de um programa nacional de fomento à soberania digital, assim como instituir uma nuvem pública federada, utilizando a infraestrutura existente da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), protegendo dados estratégicos de setores sensíveis.
O documento também sugere a unificação das plataformas de compras públicas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para facilitar pesquisa, monitoramento e transparência desses gastos.
ORIGEM DOS DADOS. Os dados foram obtidos via cinco fontes oficiais:
- Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP);
- Contratos.gov.br (antigo ComprasNet);
- Painel de Preços – Serviços;
- Painel de Preços – Materiais;
- Catálogo de Soluções de TIC com Condições Padronizadas.
A pesquisa foi feita por Ergon Cugler de Moraes Silva, José Carlos Vaz e Julia Ribeiro de Almeida Veneziani, da USP, e Isabela Rocha e Camila de Camargo Modanez, da UnB.
Via Contratos, Códigos e Controle: A Influência das Big Techs no Estado Brasileiro