O governo federal pressiona para que a Meta seja responsabilizada por anúncios fraudulentos que utilizaram marcas e símbolos oficiais do governo. Esses golpes, impulsionados nas plataformas da empresa, evidenciam mais uma categoria de fraudes veiculadas em seu sistema de publicidade que a gigante das redes sociais não conseguiu impedir.
ANÚNCIOS. A ação, movida pela Advocacia Geral da União (AGU), solicita à justiça que a Meta informe os valores recebidos em 1.770 anúncios fraudulentos veiculados no Facebook e no Instagram em jan.2025.
Mais de 70%
dos anúncios usavam inteligência artificial para se passar por lideranças políticas, embora o documento não cite nomes específicos.
DESTINAÇÃO. Caso ressarcidos, os recursos seriam destinados ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, ligado ao Ministério da Justiça.
SEM PAPAS NA LÍNGUA. A AGU não pegou leve:
"A empresa ré enriqueceu-se ilicitamente por intermédio dos serviços que presta, em detrimento de seus usuários, que se viram expostos a conteúdo fraudulento e desinformativo nos anúncios divulgados na plataforma, devendo o montante que auferiu ser ressarcido", disse a ação.
"Os anúncios, em sua imensa maioria, apresentavam fraudes flagrantes, muitas vezes grosseiras, que seriam facilmente perceptíveis caso houvesse uma análise minimamente eficiente".
A Meta afirma ter sistemas de moderação automática para todos os anúncios exibidos no Facebook e Instagram. A AGU aponta, no entanto, que conteúdos semelhantes já foram bloqueados em países como Reino Unido, Coreia do Sul e na União Europeia — e deveriam ter sido identificados também no Brasil. “A política de verificação de anúncios das plataformas do réu é absolutamente ineficiente”, afirma a ação.
O documento ainda ressalta que muitos dos anúncios usavam nomes de pessoas ou programas inexistentes. “Não se trata de fraudes sofisticadas e ocultas, mas de conteúdos grosseiros, que jamais poderiam ser publicados se houvesse o mínimo de zelo da empresa em uma atividade que lhe gera significativas receitas”, sustenta a AGU.
PESQUISA. A descoberta desses anúncios fraudulentos foi feita pelo NetLab, um grupo de pesquisa vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – o mesmo que a Meta tentou desqualificar no passado por motivo semelhante.

Em 2024, o Núcleo falou sobre influenciadores digitais no Instagram que promoviam um esquema que cobrava taxas em cima de um benefício gratuito do INSS para mães em busca do salário-maternidade.