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'Signalgate' aconteceu por falha humana, não técnica

Escândalo envolvendo governo Trump e Signal envolve desinformação e falta de segurança pessoal de membros do governo

'Signalgate' aconteceu por falha humana, não técnica

Você deve ter visto que membros do governo dos EUA acidentalmente adicionaram um jornalista a um grupo no aplicativo de mensagens Signal, no qual discutiram planos militares, informações sigilosas e política externa.

Desde terça-feira (25.mar), o presidente dos EUA, Donald Trump, e outros servidores do governo têm atacado o Signal, acusando o app de não ser seguro, além de tentar difamar o jornalista – que disse só ter publicado os registros das conversas após ser chamado de mentiroso.

Não sabe o que rolou? Entenda aqui.

Entre 11 e 15 de março, Jeffrey Goldberg, editor-chefe da The Atlantic, foi adicionado por engano a um grupo no Signal.

Nesse grupo, oficiais de alto escalão do governo americano (como presidentes de agências de inteligência e o Secretário de Defesa) discutiam questões sensíveis de política externa e informações sigilosas.

No mesmo dia em que os EUA bombardearam o Iêmen, o Atlantic publicou uma reportagem sobre o vazamento. Esse bombardeio vinha sendo tratado no grupo, segundo os registros de conversa divulgados pela revista.

TÁ COM MEDO? Parte dos temores têm sido fomentados após a descoberta que, dias antes da matéria ser publicada, um órgão de inteligência dos EUA dizia ter detectado uma “vulnerabilidade” na plataforma.

Porta-vozes do Signal esclareceram que o caso envolvia erros humanos, mais especificamente engenharia social, e que o app poderia estar sendo usado por hackers russos em campanhas de phishing — um golpe no qual criminosos tentam convencer a vítima a clicar em um link, roubando dados ou ganhando acesso aos dispositivos.

CELULAR PESSOAL. Para além do erro humano de adicionar um jornalista ao grupo, autoridades querem investigar o motivo pelo qual, ao que tudo indica, alguns dos oficiais estariam usando aparelhos pessoais enquanto se comunicavam no grupo.

A justiça dos EUA ordenou que os 19 membros não obstruam provas e salvem todos os registros do que ocorreu. Um advogado do governo disse que o juiz responsável pela ordem quer “atrapalhar a agenda” do governo Trump.

CALMA VIDA, TÁ DE BOA. O Signal é considerado o app de comunicação de mensagens mais seguro atualmente, comparado com alternativas como WhatsApp ou Telegram.

Ao que parece, o público sabe disso. À WIRED, Jun Harada, diretora de crescimento e parcerias do Signal, afirmou que esta foi a semana de maior adoção de usuários desde a fundação da empresa, em 2013, e que o crescimento tem sido histórico.

Sofia Schurig

Sofia Schurig

Repórter com experiência na cobertura de direitos humanos, segurança de menores e extremismo online. É também pesquisadora na SaferNet Brasil e fellow do Pulitzer Center.

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