A Meta anunciou que irá encerrar um programa de checagem terceirizada de fatos, começando pelos EUA, em boa parte para "restaurar" a liberdade de expressão em suas redes sociais, após o programa ter gerado muita "censura" por parte de checadores e jornalistas.
"Os checadores de fatos simplesmente foram muito enviesados politicamente e destruíram mais confiança do que criaram", disse o CEO Mark Zuckerberg em um vídeo publicado nesta terça-feira (7.jan.2024).
O que Zuckerberg deixou de explicar é como o programa funciona desde seu lançamento, em 2016. Foi a própria empresa que criou o escopo de trabalho dos parceiros, tinha total controle sobre seus algoritmos e ferramentas (incluindo IA) e sobre as exceções para os checadores – que não podiam, por exemplo, avaliar posts de políticos.
"Zuckerberg repetiu preocupações sobre 'censura' ao longo de seu vídeo, mas a Meta raramente removeu conteúdo de sua plataforma. Quando o fez, foi uma decisão da própria Meta, e não dos verificadores de fatos parceiros", notou o site Politifact, uma das principais agências de checagem dos EUA.
A "censura", portanto, só podia ser aplicada pela própria empresa, mesmo que a partir de feedbacks gerados por profissionais terceirizados.
Além disso, em boa parte dos casos eram os sistemas da própria Meta que selecionavam conteúdo para ser avaliado por checadores, principalmente a partir de métricas de viralização de conteúdo.
Embora jornalistas pudessem ir atrás de suas próprias histórias para checar, boa parte das vezes era a própria Meta que indicava o conteúdo desinformativo para eles.
"Nossos parceiros de checagem de fatos priorizam afirmações comprovadamente falsas, especialmente aquelas que são oportunas, estão em alta e têm consequências significativas. Eles não priorizam afirmações que sejam irrelevantes ou contenham apenas pequenas imprecisões", disse a empresa em um post em seu blog institucional em abr.2024.
"O programa também não tem como objetivo interferir na expressão individual, opiniões e debates, conteúdos claramente satíricos ou humorísticos ou disputas comerciais", concluiu o post.
Como é o fluxo de checagem de parceiros da Meta
O fluxo é o seguinte:
- Os sistemas da empresa identificam potencial desinformação, incluindo a partir de feedback de usuários e aprendizado de máquina. Os parceiros de checagem também podem encontrar conteúdo desinformativo por contra própria;
- Os sistemas então priorizam publicações mais virais com desinformação para serem checadas, em uma ferramenta disponibilizada para os parceiros;
- Os checadores fazem seu trabalho em cima desses posts, inclusive aplicando notas aos posts;
- Com notas baixas, posts eram rebaixados nas recomendações dos feeds de notícias e de abas de descoberta de conteúdo;
- A Meta também pode enviar notificações a usuários que compartilham esses conteúdos, aplicando rótulos de desinformação e contextos;